2 de set. de 2011

HTPC- 05/09/201- até as 24h00 - Gêneros Textuais


Da difícil arte de redigir um telegrama

Há uma história famosa a respeito de uns parentes que tinham que comunicar, por telegrama, a uma senhora que estava viajando, o falecimento de uma irmã. Reuniram-se em volta de uma mesa e “toca” a escrever. 
Primeiro, foi o primo quem redigiu a nota. Depois de alguns minutos, mostrou o resultado de seu trabalho: “INTERROMPA VIAGEM E VOLTE CORRENDO. TUA IRMÃ MORREU”. Todos leram e um dos tios fez o seguinte comentário:
_ Eu acho que não está bom. Afinal de contas, vocês sabem que ela é cardíaca, está viajando e um telegrama assim pode ser um choque.
Todos concordaram, inclusive um outro primo afastado que era meio sovina e achou o telegrama muito longo:
_ Depois, com o preço que se paga por palavra, isso não é mais um telegrama, é um telegrana.
Ninguém riu do infante trocadilho, mesmo porque velório não é lugar para gargalhadas. Foi a vez de o cunhado tentar redigir uma forma mais amena, que não assustasse a senhora em passeio. Sentou-se e escreveu: “INTERROMPA VIAGEM E VOLTE CORRENDO. SUA IRMÃ PASSANDO MUITO MAL”. Novamente o telegrama não foi aprovado. Um irmão psicólogo observou:
_ Não sejamos infantis. Se ela está viajando pela Europa e recebe esta notícia, não vai acreditar na história “passando muito mal”. Sobretudo com “volte correndo” no meio.
_ Também concordo – falou o primo afastado sempre pensando no outro. Então, o genro aproximou-se:
_ Acho que tenho a forma ideal. Pegou o bloco e rabiscou rapidamente: “INTERROMPA VIAGEM E VOLTE DEVAGAR. TUA IRMÃ PASSANDO MAIS OU MENOS”. Todos examinaram atentamente o telegrama. A filha reclamou:
_ Vocês acham que mamãe é boba? Se a gente escrever que a titia está passando mais ou menos e que ela pode voltar devagar, ela já vai adivinhar que todas estas precauções são pelo fato de ela ser cardíaca e que, na realidade, a irmã dela morreu!
_ Concordo plenamente _ disse o facultativo da família que era também sobrinho da senhora em questão. Resolveu, como médico, escrever o telegrama: “PACIENTE FORA DE PERIGO. VOLTE ASSIM QUE PUDER. PACIENTE TUA IRMÔ.
De todas a fórmulas até então apresentadas, esta foi a que causou mais revolta.
_ Que “troço” mais infantil – gritou o netinho que passava pela sala no momento em que a mensagem era lida. Puseram o menino para fora da sala, mas, no íntimo, a família concordava com ele.
_ Não, isso não. Se a gente manda dizer que ela está fora de perigo, para que vamos pedir que ela interrompa a viagem? – argumentou o tio.
_ Também acho – responderam todos num coro de aprovação. O filho mais velho resolveu tentar. Pensou bem, ponderou, sentou-se, molhou a ponta dos lábios com a língua e caprichou. “SE POSSÍVEL, VOLTE. TUA IRMÃ SAUDOSA. PASSANDO QUASE MAL. POR FAVOR, ACREDITE. CUIDADO CORAÇÃO. VENHA LOGO. SAUDADES. SURPRESA”.
_ Realmente, esse bate todos os recordes! _ disse uma nora professora. Em primeiro lugar, não é “se possível”, ela tem que voltar mesmo. Em segundo lugar, “saudosa”, tem duplo sentido. Em terceiro lugar, ninguém passa “quase mal”. Ou passa bem ou passa mal. “Quase mal” e “quase bem” é a mesma coisa. “Por favor, acredite” é um insulto à família toda. Ninguém aqui é mentiroso. Depois “cuidado coração” não fica claro. Como telegrama não tem vírgula, ela pode pensar que a gente está dizendo “cuidado, coração”, já que a palavra coração também é usada como uma forma carinhosa de chamar os outros. Por exemplo: “Oi, coração, tudo bem?”. E, finalmente, a palavra “surpresa” no telegrama chega a ser requinte de crueldade. Qual é a surpresa que ela pode esperar?
_ Ela pode pensar que a titia está esperando neném _ falou um sobrinho.
_ Aos noventa anos de idade?
Abandonaram a idéia rapidamente. Seguiu-se longo período de silêncio em que a família andava de lá para cá, pensando numa solução. Pela primeira vez estavam dando-se conta de que não era fácil assim mandar um telegrama. Serviu-se o costumeiro cafezinho, enquanto cada qual do seu lado procurava uma maneira de escrever para a senhora em viagem, sem que isto tivesse conseqüência desastrosas. De repente, o irmão psicólogo explodiu num grito “eurekiano”:
_ Achei!
Escreveu febrilmente no papel. O telegrama passou de mão em mão e foi finalmente aprovado por todo mundo. Seu texto dizia:
SIGA VIAGEM. DIVIRTA-SE. TUA IRMÃ ESTÁ ÓTIMA”.

REFLITA SOBRE O TEXTO

* Tire passagens do texto que mais o impressionou
* Identifique  a maior dificuldade da família

* Ajude esta família a  redigir este telegrama



AGRADEÇO AS CONTRIBUIÇÕES 



Profª Coordenadora

Mara







6 comentários:

  1. * A passagem do texto que mais me impressionou foi:'...inclusive um outro primo afastado que era meio sovina e achou o telegrama muito longo:
    _ Depois, com o preço que se paga por palavra, isso não é mais um telegrama, é um telegrana."; por, realmente, existir pessoas que só pensam em si mesmas!
    * Sem dúvida, a maior dificuldade da família foi a de escrever um texto que conte a verdade de forma resumida, e sem eufemismos.
    * Infelizmente sua irmã veio a falecer. Volte logo.

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  2. -luiza disse...
    -Paciente fora de perigo.Volte assim que puder.Paciente tua irmã.
    -utilizar virgula e palavras de formas claras nas frases.
    -Tua irmã está em estado grave,volte o mais rápido possível.

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  3. luciene lavezzo05/09/2011, 19:20

    A passagem do texto que mais me impressionou foi: -- disse uma nora professora.Em 1º lugar, não é “possível, tem que voltar mesmo.Em 2º lugar”saudosa” tem duplo sentido.E 3º lugar, ninguém passa “ quase mal”.
    A maior dificuldade da família foi escrever um telegrama objetivo e direto.

    - Retorne imediatamente. Problemas de família.

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  4. O que mais me impressionou foi o fato de todos concordarem em enviar o telegrama com a mensagem"Siga viagem. Divirta-se. Tua irmã está ótima."
    Para que então enviar um telegrama? Para dizer que a irmã está ótima!? Ridículo. Como forma de mostrar como é difícil falar de coisas delicadas através de um telegrama, é válido, mas como solução, não.
    Acho mesmo que nem deveriam cogitar de enviar o telegrama, pois, com certeza não dá tempo de alguém chegar a tempo para o enterro, já que aqui nós esperamos somente um dia para enterrarmos uma pessoa morta.
    este texto só serve para mostrar a dificuldade que encontramos em tais situações.

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  5. Carlos Augusto disse:

    -O que mais me impressionou, mostra a imaturidade da família.
    Que “troço” mais infantil – gritou o netinho que passava pela sala no momento em que a mensagem era lida. Puseram o menino para fora da sala, mas, no íntimo, a família concordava com ele.
    - A maior dificuldade da família é a de redigir, não apenas um telegrama, mas qualquer gênero.
    - falecimento na familia. Retorne!

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  6. Ótimas contribuições, na verdade redigir não é fácil, não foi para esta família e não é para muita gente.
    Portanto, devemos incentivar nossos alunoa para lerem e escreverem, só assim estaremos contribuindo para a compet~encia leitora dos mesmos.
    Abraços
    PC Mara

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